Projetos

Festival Escola e Democracia

Mãos Dadas e Sonhos Compartilhados, por Selma Bajgielman

No dia 25 de maio de 2019, a convite do Instituto Federal – Campus Avançado de Carmo de Minas, participamos do Festival Escola e Democracia, realizado em São Lourenço, com apoio da Prefeitura Municipal e demais setores da educação. Apresentamos, na ocasião, a oficina de artes: Mãos dadas e sonhos compartilhados.

Nossa oficina foi inspirada na exposição Arte – Democracia – Utopia – quem não luta tá morto, realizada no Museu de Arte do Rio de Janeiro, M.A.R., de setembro de 2018 a março de 2019, com curadoria de Moacir dos Anjos.

Iniciamos a oficina, mostrando o prédio do M.A.R. e ressaltando sua arquitetura que conjuga, com maestria, arte e educação. Abrigando a escola do olhar e o espaço de exposições artísticas, o prédio cria acessos, passarelas e corredores e uma onda, realizada com técnicas utilizadas pelas escolas de samba, no topo das duas construções.

Sabemos que a arte sempre foi e é, naturalmente, espaço de reflexão, criação e transgressão. Portanto, reduto de resistência. Lá dentro, no amplo saguão, os estandartes que anunciam os sonhos realizados estão em exibição.

Sonhos realizados, situados e datados, ao gosto do nosso maior educador: Paulo Freire (1921-1997) que considera crucial nas escolas a ampla consciência de quão imperativo é sonhar e criar. A utopia é intrínseca à consciência crítica e mola propulsora dos movimentos de transformação. (FREIRE, 2001, p.29)

Situados no Brasil, datados para um futuro de curto e médio prazo. Mas realizados. Escolhi os três estandartes abaixo, para compartilhar com o grupo:



Ainda no M.A.R., em um canto da área de exposição, um pequeno cartaz perguntava: Gostaria de compartilhar seus sonhos? Escutadores, todas as terças-feiras, das 12h às 14h, no primeiro andar. O cartaz, muito convidativo, me fez perceber que os sonhos, que deram origem aos estandartes, foram coletados e continuavam sendo ouvidos e me remeteu à premissa do literato Johann Goethe (1749-1832) “Seja qual for o seu sonho, comece. Ousadia contém genialidade, poder e magia”.

A inquietante exposição terminava com os seguintes dizeres: “A gente poderia ter a coragem de admitir o fim deste mundo e ver que somos capazes de aprender alguma coisa.” Ousar criar novas opções, novos caminhos é papel da arte.

Assim, no festival, após apresentar a experiência no M.A.R, pedi alguns minutos de reflexão, para que cada um localizasse seu sonho coletivo para o Brasil e o datasse. A partir dos sonhos compartilhados, nos unimos para a manufatura dos estandartes e definimos as frases. Sobre tecidos reminiscentes de uma experiência de pintura com os estudantes do IF Carmo de Minas, pintamos, colamos, costuramos e declaramos os seguintes sonhos:

1- EM 2040, A NATUREZA RESTAURADA E RESPEITADA. MARIANA E BRUMADINHO NUNCA MAIS! 2- 2021: NENHUM JOVEM É MORTO PELA VIOLÊNCIA. 3- EDUCAÇÃO É TRANSFORMAÇÃO. EM 2035, ENSINO DE QUALIDADE E TRABALHO COM DIGNIDADE, NAÇÃO DA PAZ E FRATERNIDADE. 4- EM 2035: NÃO SOMOS MORTOS PELA COR DA NOSSA PELE. 5- EM 2030, O BRASIL GANHOU A LUTA CONTRA A POBREZA. A FOME E A DESIGUALDADE NÃO FAZEM MAIS PARTE DESSE PAÍS.



Os estandartes ganharão as ruas, no centro de São Lourenço, Minas Gerais, na mobilização prevista para o dia 30 de maio de 2019.